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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Amor como remédio

Do blog Meu Filho (zerohora.com).
"Uma criança com privação de afeto adoece mais. O mecanismo é conhecido: o estresse da insegurança de não ter cuidadores confiáveis, psiquicamente presentes, abala o equilíbrio funcional, e o organismo fica mais suscetível a todo tipo de ameaças. Um dos sistemas que mais sofre é o imunológico, que nos protege contra tumores e infecções.
Não é incomum a tentativa de compensação da incapacidade de prover afeto através da utilização repetida dos serviços de saúde. Salvo casos específicos, aquela criança que vive no médico é forte candidata a estar sofrendo de falta de amor.
O problema é frequente. Um dos locais onde mais se vêem as consequencias da pouca atenção aos filhos é no consultório clínico e psiquiátrico. Muitos pais ingenuamente colocam o dinheiro, os cuidadores profissionais, a patinação, a natação, o futebol, o inglês ou as reprimendas onde deveria estar o amor.
Muitas depressões e queixas de "mau comportamento" desapareceriam diante de um gesto de compreensão ou com um sincero elogio. A criança que precisa de "limites", conceito tão na moda, na verdade está sofrendo. Se ela for amada e entendida, bastará orientá-la.
Concordo que é mais fácil falar do que fazer. Os próprios pais muitas vezes não estão preparados para dar amor, porque eles mesmos não o receberam em doses suficientes. São secos, porque sempre foram tratados secamente, por mais que disfarcem isso com aparências de afetividade. O amor não é abstração romântica, mas se expressa por atos concretos.
Levar o filho para comprar um tênis, brincar com ele, reconhecer seus progressos, evitar a crítica desmoralizante (todos têm o santo direito de fracassar e de aprender com a experiência), ter paciência, dar um telefonema-surpresa no meio do expediente, não mexer nas suas coisas, alcançar um travesseiro enquanto ele assiste TV, deixar dormir até mais tarde no fim de semana, são todos atos de amor.
Os alicerces da confiança básica no mundo e em si mesmo estão na primeira infância e na adolescência. Através do amor, o ser humano experimenta o sentimento de existir, uma das maneiras mais eficazes de prevenir as doenças e de promover a saúde.
"
Luiz Fernando de Campos Velho, médico do programa de Saúde da Família

Muito apropriado esse texto. Concordo integralmente com ele. Assisto, com alguma frequência, a programas da tevê paga sobre famílias em crise que pedem apoio a babás profissionais - é sempre bom aprender com a experiência alheia. Observo que o problema mais comum não é exatamente falta de amor, mas falta de expressar esse amor.
Os pais têm dificuldade de elogiar os filhos, de lhes fazer um carinho físico, de acompanhar suas atividades de lazer, de sentar no chão com eles para brincar. E é fácil perceber que muias daquelas crianças brigonas, gritonas, que batem e destroem tudo e todos estão dizendo "mamãe, olha pra mim".
Mantenho-me alerta a isso. Para que não cometa com a minha filha esse tipo de pecado.

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