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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Crise no Piratini

É, o bicho está pegando aqui pelos pampas... CPI investiga denúncia de desvio de R$ 44 milhões do Detran, gravações ligaram o então secretário Geral de Governo ao esquema, vice-governador divulga gravações com então chefe da Casa Civil falando em fontes de financiamento, TCE sob dúvidas. Para responder, a governadora ataca o Governo Federal. Céus, que bagunça! E nos achávamos a única reserva moral da República...
Bom, uma coisa de cada vez:
- Detran: é, pelo que tudo indica, há falcatrua da grossa, e faz muito tempo. Espera-se que Polícia Federal, Ministério Público e mesmo a CPI identifiquem e punam os culpados, sejam quem forem.
- Secretário-Geral: agora ex, Delson Martini deve estar depondo na CPI neste momento. Não que eu ache que isso ajuda muita coisa, mas...
- Casa Civil X Vice-governador: esse é o caso mais grave. Por tudo - pelo que foi dito, pela maneira que foi obtido. A maneira como Paulo Afonso Feijó obteve as informações foi vil e traiçoeira, por mais bem-intencionado que ele estivesse. Deveria ter encontrado outros meios. Cézar Busatto, agora ex-chefe da Casa Civil, disse o que todo mundo já suspeitava ou já sabia nas rodas políticas de todas as matizes: as empresas públicas funcionam como financiadoras de campanha. Se não com desvio de dinheiro público - vide Detran - com tráfico de influência, afinal dirigentes de Banrisul, CEEE e Daer negociam com muitas empresas, criam relacionamentos com o mercado. Ilegal, não é. Imoral, com certeza. Mas como muda-se isso? Mudando o formato da administração pública brasileira.
O número de CCs deve ser reduzido. O loteamento de cargos precisa ser eliminado. Em todas as esferas.
Além disso, as ferramentas de fiscalização e controle precisam ser mais rígidas. O Tribunal de Contas do Estado, que deveria ser o órgão máximo em isenção e rigidez, tem o conselho formado basicamente por ex-deputados. Conseguirão eles ser críticos aos seus aliados, aos seus próprios partidos? Claro que não. Abre-se, aí, brecha para a vista grossa, para o descaso e, finalmente, para a improbidade e a falcatrua.

A governadora se perde...
E a dona Yeda se perturbou total. Logo que as gravações foram divulgadas, demorou um tempão pra dar uma entrevista. Para piorar - e sempre pode piorar -, na Veja dessa semana, ainda ataca o ministro da Justiça. Mexeu com quem estava quieto, provocou inimigos que não precisavam ser provocados.
A inabilidade política da moça - certamente, fruto de sua conhecida arrogância - está fazendo estragos cada vez maiores.
Agora, reuniu um Gabinete de Transição (sim, na metade do mandato) para produzir uma carta de compromissos que deverá nortear a nomeação do secretariado e dos cargos em comissão. A governadora tem falado que devem constar na carta princípios éticos e o compromisso com a gestão. Ora, não é o mínimo que se espera de alguém nomeado para esse governo?! É muito absurdo pensar que isso tudo deva estar explícito em cartas...

Bom, como gaúcha, só me resta torcer para que nos mostremos realmente diferentes do resto do País: punindo culpados e mudando estruturas para dificultar que situações como essas voltem a ocorrer.

Um comentário:

Fabricio Olivetti disse...

"Bom, como gaúcha, só me resta torcer para que nos mostremos realmente diferentes do resto do País: punindo culpados e mudando estruturas para dificultar que situações como essas voltem a ocorrer."

E eu, como brasileiro, torço pelo mesmo que você, pois o exemplo tem que vir de algum lugar...aliás não digo exemplo, mas um fio de esperança.

De certo, resumindo tudo que você falou, a administração pública no Brasil deve ser reescrita complatamente do zero...

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