Eu não leio mais uma linha sobre a morte - e, principalmente, a culpa pela morte - da menina Isabella Nardoni. Não que eu não queira saber o que está acontecendo. Apenas cansei dessa cobertura sensacionalista, exagerada, do mal. A imprensa brasileira superou todos limites do bom senso, da ética e até do respeito para com aqueles que estão sofrendo.
Minha mãe comentou que se não fosse a ampla cobertura da imprensa, a investigação não andaria tão rápido. Pode ser. Mas o problema não é falar todo dia sobre isso. É falar tanto e, ao mesmo tempo, tão pouco. Durante as últimas semanas, suposições, sugestões, teorias ocuparam todos os espaços, especialmente na televisão. Deixou de ser um serviço. Passou a ser até maldade.
Escrevo isso enquanto escuto - ao longe e sob protestos - ao Fantástico. Desde que o programa começou, já foram transmitidos trechos diversos de uma entrevista exclusiva com o pai e a madrasta da menina. Expondo-os. Humilhando-os. Mesmo que eles sejam culpados, quem a imprena pensa que é para julgá-los e condená-los assim? Deus?!?! Isso é tática para manter a audiência. Eu sei. Mas por que precisa ser assim? Por que não fazem chamadas em off, citando a entrevista? Um pouco de respeito aos entrevistados - mesmo que tenham cometido a monstruosidade que parece que cometeram - é justo, é digno.
Isso tudo me lembra o caso da Escola Base, no RJ. Na época, tudo parecia indicar que realmente a escola estava acobertando casos de assédio sexual de professores aos alunos. A escola fechou, a carreira daqueles profissionais foi destruídas. Depois de muito tempo de investigação, a Escola Base foi inocentada. E quem vai reparar o dano que a imprensa causou? A própria imprensa? Ha ha ha.
Bom, como tive que escrever esse texto em duas etapas - sempre a falta de tempo! - há alguns acontecimentos novos. A promotoria denunciou os pais de Isabella, eles estão presos. É bem provável que tenha sido eles quem a matou. Mas, pra mim, o grande vilão dessa novela ainda é a imprensa.
Um comentário:
por coincidência na época desse acontecimento meu afilhado estava passando férias por aqui, então meus dias se resumiam a brincar com ele e ver programas infantis :P, por sorte me livrei de mais esse sensacionalismo promovido pela imprensa.
E pensar que alguns paises tem tanto uma imprensa conservadora como outras sensacionalista, aqui todas se enquandram nesse último! Talvez isso reflita o povo, ou talvez o povo não seja tão culpado assim apenas caiu num círculo vicioso dificil de escapar.
Acho engraçado quando aparecem reportagens feitas por jornalistas "investigativos" que seguem pistas e nos levam a concluir que os culpados são quem eles apontam...o problema é que eles esquecem que um processo de inevstigação deve partir do principio de cobrir todas as possibilidades e todas as versões, e não apenas se ater a versao que melhor convem e seguir fixa apenas nela...mas para isso eles precisariam de algo chamado "imparcialidade" que hoje em dia está em falta no nosso jornalismo...
Fico imaginando até onde vai o poder de influência da mídia, ela poderia transformar facilmente qualquer homem inocente em culpado?
Postar um comentário