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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Também vai pegar você!

"Tropa de elite, osso duro de roer / Pega um, pega geral, também vai pegar você"

O filme Tropa de Elite é um tapa na cara. Principalmente, para nós, a classe média, que se acha a grande injustiçada desse mundo capitalista cruel.

O filme Tropa de Elite foi acusado de ser facista. Ora, facista é a sociedade que gera os capitães Nascimento e os Baianos da vida. Tropa de Elite é franco, é sem rodeios. Mostra para o mundo uma faceta da realidade que sempre esteve oculta: a contribuição que a classe média e alta dá para a manutenção do tráfico de drogas e de tudo que ele representa.

Além disso, faz o público ver e entender o que se passa com o outro lado da história: o policial. Os últimos filmes a respeito tinham como enfoque a visão dos bandidos ou da comunidade favelada. Dessa vez, ouve-se uma outra voz. Uma voz que grita pedindo socorro. O BOPE todo é limpo? Provavelmente não. A PM toda é suja? Provavelmente não. Mas a função da arte é essa: "carregar nas tintas" para chamar a nossa atenção.

Se Tropa de Elite não valesse pelas atuações brilhantes, pela fotografia sufocante no tom certo, ainda assim teria cumprido a sua missão: provocar o debate. Nunca discutiu-se tanto o papel da polícia, sua falta de treinamento, sua remuneração aviltante, o papel do povo do asfalto. Nunca se procurou tanto, na sociedade civil, uma (ou duas, ou três) solução para o tráfico.

Uma discussão tardia, mas ainda assim fundamental.

A frase que marcou, entre tantas: "Quantas crianças nós vamos perder para o tráfico para que playboy possa enrolar o seu baseado?"

5 comentários:

Fabricio Olivetti disse...

outro filme bom, mas que retrata a visão de uma criança em especifico no mundo do crime e na febem, é Querô (e se passa todo em Santos, o que é melhor ainda :P). Ele é, da mesma forma, um revelador da natureza dos problemas de violencia e corrupção.
Mostra como não se tem escolhas para sair da vida de crime. Acho que não irá passar nos cinemas por ai (ou ja passou), mas vou ver quando sai em DVD e te mando uma cópia.

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog, teu post sobre o filme é perfeito.

O problema é a hipocrisia brasileira, a cena do policial Mathias retrata bem a realidade, determinadas pessoas somente se mexem após terem seus interesses prejudicados e pior posam de vítimas.

Abraços.

Anônimo disse...

O filme é muito bom porque toca o dedo na moleira da "burguesia" e faz refletir sobre o assunto.

Também acaba aflorando na sociedade o sentimento por justiça a qualquer preço, e a indignação pela falta de segurança ressalta a posição do BOPE, como heróis. :-)

No mais, tudo ok, lindinha?

Beijo, bom finde!

Fabricio Olivetti disse...

não sei se ainda irá ler isso mas...tudo que tem o lado bom também tem o ruim, e nesse filme não é diferente já que as pessoas ainda não estão preparadas para entender as mensagens mas apenas absorver os palavrões e violencias.
Já reparou como, nas piadas, nas discussões, no dia a dia, os brasileiros incorporaram o Capitão Nascimento? Não que tenha algo de errado em absorver um personagem, mas é triste ver que só o absorveram superficialmente...

R.M.Sallet disse...

é impressionante como os filmes bem feitos, conseguem nos enternecer com as piores ideologias... estava asssistindo esses dias A Queda, e em alguns momentos me peguei tendo piedade e compaixão pela fragilidade de Hitler... lembro tb como eu ficava torcendo pro Rambo matar o máximo possível de comunistas, ou como fui levado a achar que árabe é sempre terrorista e do mau, e que na favela da cidade de Deus, o que mais tem é criminoso e bandido...
o Filme Tropa de Elite não nega essa conta. No filme a maior parte da polícia é corrupta. Claro que existe a corrupção, desde aquela da multa facilitada, até as retratadas no filme, mas não representa a maioria dos policiais dignos e decentes que compõe as corporações. Daí, no filme, os honestos, as pessoas de bem, são aquelas que executam os criminosos, numa negação a um superego social que nos permite viver nesta sociedade desigual. Não sou contrário a execução ou até indo mais além a pena de morte, mas numa sociedade desigual, realmente facista é a sociedade que cria baianos da vida. A execução de criminosos, onde a lógica é "O Bope tem guerreiros que matam guerrilheiros" "a missão do Bope é deixar corpo no chão". O que há de degenerado nisso é tratado como virtude pelos personagens "mocinhos".
O filme tb retrata uma classe média totalmente alienada, ou seja, tem que ser pobre, negro e fudido pra ter consciência social. Os universitários são um bando de bundinhas que nada sabem da vida a não ser fumar seu baseado. Isso não é realidade, pode ser visto como uma bela ficção com o intuito de despertar a consciência de uma parcela, mas não retrata o todo como é. A própria fala de que a universidade é um erro pra quem quer ser do Bope e deixar corpo no chão, mostra como esse filme é mais um desserviço na luta do povo.
Não é a toa que a Veja deu capa pra esse filme....

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