(Ai, “mãe solteira” eu acho tãããão década de 50 do século passado. Mas, na falta de expressão mais eficiente, vai essa mesmo...)
Praticamente toda mãe que eu conheço é um ser que convive com a culpa e com as dúvidas. A culpa de não estar fazendo tudo que podia, de trabalhar fora, de não trabalhar fora, por ter tido outro filho e não dar atenção ao primeiro, por não ter tido outro filho e não ter dado um companheiro para o primogênito, etcetcetc. E as dúvidas sobre o choro, a escolinha correta, a melhor babá, a hora de repreender, a hora de dar colo e mais um bilhão que eu nem vou listar aqui porque não caberia – sempre tem uma nova!
E temos os dilemas da Mãe Solteira.
A mãe solteira convive com todas essas culpas e ainda a de não oferecer a família Doriana para seu filho – mesmo que isso nem seja “culpa” dela. E mais tudo que isso acarreta: as decisões tomadas sozinha, a falta de colo para ela própria, a responsabilidade por TUDO que envolve a criança, desde fazer até carregar as malas numa viagem, por exemplo. E isso cansa um pouco. Mentira, isso cansa muito.
PAUSA: No mundo perfeito da minha cabecinha, um casamento é uma relação de apoio, troca e companheirismo. Portanto, nele, as decisões sobre a cria são tomadas pelo casal, o pai e a mãe são marido e mulher ainda, se apoiando, se ajudando, se agarrando quando dá (ops!). Se no seu casamento não é assim, desculpaê, não é nada pessoal. Nunca casei, então me dou o direito de viajar. DESPAUSA
Ainda tem os conflitos internos. Sair pra balada enquanto meu filho fica com babá ou avó é legal? E namorar, dá? Será que não seria melhor relevar tudo e ficar com o pai da cria para que ele cresça com os dois juntos, próximos, presentes? Mas será que vale sacrificar a felicidade da mãe por uma escolha que, de fato, não se sabe onde vai dar? Uma criança pode conviver com uma mãe que não se realiza?
Pensando em tudo isso, estabeleci comigo alguns parâmetros. E é dentro deles que norteio as minhas decisões sobre as coisas do dia a dia. Parâmetro 1: minha filha precisa de uma mãe feliz e realizada – ou realizando-se. Partindo disso, sei que trabalhar é uma condição inegociável para mim, não só pela grana, mas também porque eu ADORO trabalhar fora. Ainda que canse, que tenha vezes em que eu prefira ficar em casa enroscada na minha gatinha. Ao colocar na balança, o saldo é positivo. Parâmetro 2: tempo com a Valentina precisa ser dela. Logo, ir pra balada com ela em casa, para no dia seguinte eu estar um caco e não conseguir dar atenção pra ela, NÃO ROLA. Sim, só saio quando a Valentina está na casa do pai dela. E isso me deixa mais tranqüila pra sair sem culpa porque sei que ela está com a única pessoa que é tão responsável por ela quanto eu, alguém que cuida dela direitinho e com quem ela gosta de estar.
Relacionamentos rendem um post específico. Claro que, para estar comigo, o cidadão precisa saber e compreender que a Valentina é a prioridade das prioridades. Graças aos céus, os tempos e os homens estão evoluindo e eu não tenho visto grandes dificuldades com relação a isso. Aquele papo de que mãe solteira é a escória dos relacionamentos é tão década de 50 do século passado quanto a própria expressão.
Well... Ser mãe é um desafio. Para as bem casadas, as mal casadas, as viúvas, as solteiras, as separadas. E é um delicioso desafio porque traz delícias em maior proporção. E, no fim, é isso que vale. A gente se descabela, chora no ombro das amigas mais experientes (né, Tati Passagem), ri com as que estão na mesma fase (c/c Vanessa Ardisson e Tenikey) e até se dá o luxo de aconselhar as que estão começando. Como tudo que essa mulherada faz: de salto alto e cheias de amor!